P L E N I T U D E § § § Rio da Vida

sexta-feira, novembro 30, 2007











Consumido na chama de viver intensamente
Cada minuto como um condenado à morte
Ruy Belo


E como um rio corre a minha vida
E por muito que um dia a outro se pareça
E a lua intensifique a noite e o sol resplandeça
Jamais na aparência iguais dois dias têm a mesma origem
A glória humana a única que existe
Quando já nenhum Deus nos pode nem promete
Uma terra qualquer para além da morte
É o contentamento do momento
Escrito sob a máscara de Garcilaso

quarta-feira, novembro 28, 2007

A VERDADE É UMA TERRA SEM CAMINHO

Inspirada nas fotos incríveis da arte de quem as fita e mostra a partir do universo - flickr e no J. Krishnamurti (que disse o título que escolho aqui, agora)


























a palavra












Onde há a palavra, há a verdade.
A palavra é usada para conversar e sem verdade não há conversa.
Usa-se a palavra para conversar sobre afectos, realidades, crenças, pensamentos, medos, desejos, memórias, futuros e tudo o mais.
Sem a verdade, a conversa seria uma mera manifestação de subjectividades solipsistas e imunes ao erro, discursos paralelos sem triangulação possível entre si e a realidade.

(Desidério Murcho)

sábado, novembro 24, 2007

rosalinda....


ROSALINDA SE TU FORES Á PRAIA SE TU FORES VER O MAR...


PINK ROSA ROSALINDA A COR DA FLOR CHOK CARMIM…
A ROSA COM ESPINHOS MAS VIDA
A BELA…
SABOR PELO NARIZ E ALMA DESPERANZA AOS MOLHOS
A MIL E ETERNIDADES [d’] INCONTÁVEIS FUTUROS FELIZES
DE PRINCIPS & PRINCESAS ENAMORADOS DANDO FRUTOS HUMANOS CRIADORES PURIS - DE VERDADE!

L o s

I g n o r a n c e


Strange to know nothing, never to be sure

Of what is true or right or real,
But forced to qualify or so I feel,
Or Well, it does seem so:
Someone must know.


Strange to be ignorant of the way things work:
Their skill at finding what they need,
Their sense of shape, and punctual spread of seed,
And willingness to change;Yes, it is strange,


Even to wear such knowledge – for our flesh
Surrounds us with its own decisions –
And yet spend all our life on imprecisions,
That when we start to die
Have no idea why.

[ Philip Larkin, The Whitsun Weddings]
Sábado, Dezembro 09, 2006

sexta-feira, novembro 23, 2007

Antartida_linda_antartidalmeira_minha…


Antártida minha e flutuante/sol de todas as estações/arestas contentores/de explosivos/carnalidades/beijos lânguidas f.(5letras) bocas/do dentro-intimísssipy/planeta do colo & garra/forjaz corrosiva/demência amorosa/que aplana/o abraço universal/que vos-me-te/dou entre sempres e agora.

Há rasgos soslaiados de ternura teus
Verdadeiramente incandescentes
Valem quase uma vida
I n t e i r a….

Não é uma realidade adquirida – a beleza
São sim – os desejos, as inclinações, a essência!...

L o s

quinta-feira, novembro 22, 2007

a*noite*abre*meus*olhos


NOS DIAS TRISTES NÃO SE FALA DE AVES

Nos dias tristes não se fala de aves
Liga-se aos amigos e eles não estão
E depois pede-se lume na rua
Como quem pede um coração
Novinho em folha.


Nos dias tristes é Inverno
E anda-se ao frio de cigarro na mão
A queimar o vento e diz-se
- bom dia!Às pessoas que passam
Depois de já terem passado
E de não termos reparado nisso.


Nos dias tristes fala-se sozinho
E há sempre uma ave que pousa
No cimo das coisas
Em vez de nos pousar no coração
E não fala connosco.


In A Cidade Líquida e outras Texturas,

Filipa Leal



Play for today

A qualquer hora, a meio do que dispõe
um sedimento, uma impressão
distanciava-se, cambaleante e aflito
inseparável de alguma coisa que não se via
mas talvez exista
nos desertos que se prolongam
nos nomes que nos pertencem demasiado e esquecemos
em certas deflagrações
que por muitos dias
nos afugentam de casa, do trabalho ou do sono

Quando depois voltava
prendia o barco no pequeno ancoradouro
ainda despenhado das varas de um relâmpago
quase sem palavras
apenas um ser vivo sobre a terra

In De Igual Para Igual


Se me puderes ouvir


O Poder ainda puro das tuas mãos
É mesmo agora o que mais me comove
Descobrem devagar um destino que passa
E não passa por aqui

À mesa do café trocamos palavras
Que trazem harmonias
Tantas vezes negadas:
Aquilo que nem ao vento sequer segredamos

Mas se hoje me puderes ouvir
Recomeça, medita numa longa viagem
Ou num amor
Talvez o mais belo.


Os girassóis

As paisagens alteram-se sem resolução
Narrativas imortais desaparecem
E os girassóis assim
Vulneráveis a desconhecidas ordens

Tu estás tão perto
mas sofro tanto
porque não vejo
como possa falar de ti
entre dois ou três séculos

In A noite Abre Meus Olhos,
José Tolentino Mendonça

quarta-feira, novembro 21, 2007

A N T Á R T I D A Z U L


O chamamento silencioso

A antárctida azul
Cordilheiras de branco infinito
A pessoa de todos nós
O centro para o fundo e interminável adeus

Do até ontem

Brota o ser evidente essencial das galáctias a mil

Nu corredor
Do dia de muitas verdades desgraças infames colores
Opiácios e amor

Poder a existência
Falar o que se fala
Viver o que se vive

Saber senso
sentir alma

pétala a pétala de estasiado
desejo

inébrio relampejo
som

vibra fone de coragem
impaz dentrofilamente

a perfuração
dimpossibilidades

f o r m a r
cântaros truvejantes
pessoalidads
futu ris


Só os que procuram o absurdo

atingem o impossível.

E eu acho que o meu está

guardado na cave...

Ora, deixem-me ir lá acima

ver se o encontro.
M.C. Escher

terça-feira, novembro 20, 2007

pulsão em flor


O sol
Um Cristo rei
Luz
E morno
Acalentar dalma
Na boca
E
Asa
De nuvem
Embriagando
Fulgores
y
Paixões
Púrpuras

Abril
Do Novembro
Locomotiva
E barrios
De sinceridade
E autentica formosura
Ser o ser
Que adormece
Antes de nascer
Pla felicidade
Que o é
Só amor…

Laços da em plena brisa multa cantatez e (m) cor…. Pulsão em flor…

segunda-feira, novembro 19, 2007

Notas para o diário












deus tem de ser substituído rapidamente por poemas, sílabas sibilantes, lâmpadas acesas, corpos palpáveis, vivos e limpos.

a dor de todas as ruas vazias.

sinto-me capaz de caminhar na língua aguçada deste silêncio. e na sua simplicidade, na sua

clareza, no seu abismo.

sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e de acabar comigo mesmo.
a dor de todas as ruas vazias.

mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do deserto, e do acaso da vida. gosto dos

enganos, da sorte e dos encontros inesperados. pernoito quase sempre no lado sagrado do meu coração, ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo.

a dor de todas as ruas vazias.
pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a lisboa na fragata do alfeite. basta pôr uma


lua nervosa no cimo do mastro, e mandar alguém arrear o velame. é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem cadastro.

a dor de todas as ruas vazias.
os poemas adormeceram no desassossego da idade. fulguram na perturbação de um tempo


cada dia mais curto. e, por vezes, ouço-os no transe da noite. assolam-me as imagens, rasgam-me as metáforas insidiosas, porcas...e nada escrevo. o regresso à escrita terminou. a vida toda fodida - e a alma esburacada por uma agonia tamanho deste mar.

a dor de todas as ruas vazias.

AL BERTO, in O Último Coração do Sonho

quarta-feira, novembro 14, 2007



de mim a ti, de ti a mim

quem de tão longe

alguma vez regressa?

Jorge de Sena

não há nada que a vida não possa oferecer que não seja já a àgua com que lavas a cara da alma logo pela manhã

sexta-feira, novembro 09, 2007

La tarde sobre los tejados

(Lentíssimo)

La tarde sobre los tejados

cae

y cae...

Quién le dio para que viniera

alas de ave?


Y este silencio que lo llena

todo,

desde qué país de astros

se vino solo?

Y por qué esta bruma

-plúmula trémula-

beso de lluvia

-sensitiva-

cayó en silencio -y para siempre-

sobre mi vida?

P.Neruda in Crepusculario

sexta-feira, novembro 02, 2007

I declare out loud to whoever wants to believe me:

I have no word in my mouth

that is not in your heart!

Kabir


Stregth does not come from physical capacity. It comes from an indomitable will.

MAHATMA GANDHI