sexta-feira, maio 11, 2007

PALAVRA QUE DESNUDO

«Entre a asa e o voo
nos trocámos
como a doçura e o fruto
nos unimos
num mesmo corpo de cinza
nos consumimos
e por isso
quanto te recordo
percorro a imperceptível
fronteira do meu corpo
e sangro
nos teus flancos doloridos
Tu és o encoberto lado
da palavra que desnudo

Abril 1981, Mia Couto in Raiz de Orvalho e Outros Poemas