P L E N I T U D E § § § Rio da Vida

sexta-feira, junho 29, 2007

a pura verdade/luto pela felicidade dos portugueses/a ilha de circe/ os pés frios dentro da cabeça

respiro fundo como nunca fiz na vida e, sabendo que gerações de estrelas olham do alto, ponho-me de joelhos em oração.
Philip levine in a Pura Verdade

Sorrio porque me apetece e não por dever profissional - e isso, nos tempos que correm, já é um motivo para sorrir. Sorrio quando um trabalho me corre bem, chamem-me parvo. E sorrio quando um trabalho me corre mal, porque sei que não é o fim do mundo. Sorrio quando compreendo. Sorrio quando não compreeendo mas gostei. (...)
Aprender a ser feliz é possível, ensinar a ser feliz não. Ainda assim, passo a expor os meus dez mandamentos. Se não gostarem deles, o problema não é meu, façam os vossos. Aqui vai:
1) estar sozinho/acompanhado cinco minutos todos os dias;
2)descobrir uma coisa nova no nossos horizonte visual (nem que seja uma nova racha no tecto);
3)comer um bolo-de-arroz dis sim, dia não;
4)não abusar do café;
5)não ser queixinhas;
6)ver menos televisão;
7)ser moderado nos vícios mas manter alguns por causa das coisas;
8)inspirar pelo nariz e expirar pela boca;
9)andar mais a pé;
E agora vem o mandamento mais difícil, até para mim, caraças, que tenho uma paciência de santo: pelo menos uma vez por mês desejar, sinceramente, boa sorte ao nosso pior inimigo.
Pois é, ser feliz dá trabalho. Como tudo na vida, aliás.
Rui Zink in A Luta Pela Felicidade dos Portugueses

-a sociologia é uma completa falta de humor perante a decadência;
-as esquerdas e as direitas resultam do pacto de não inverterem papéis;
-os intelectuais são uma chatice, com que o Criador não contava;
-sendo a educação a providência dos imbecis que são em maior número, o mundo está imbecilizado pela educação;
-o sistema é a creche da debilidade mental e a vala comúm da inteligênca;
-a economia é adquirir-se o vício do fumo porque se comprou um isqueiro;
-dos vencidos não reza a histíoria porque se renderam à razão.
Natália Correia in A Ilha de Circe

A C O N T I N U A R

ar puro

Eu tou
onde está ar puro
floresce cantos canticos e recantos
refundindo almas
de tudo e avants...

Tou respirando sol
e erva
e não tou
Não tou absoluta quase
k in anti-fanatismos
escolho
CRESCER
não tou
no pensamento
cinzentão
daqueles
que f u n c i o n a m...
SOL

OS MAPAS
Os mapas fazem-se
com os silêncios, os socalcos
as lágrimas

Os sentimentos
da alma


CORAGEM
É preciso arranjar outros
motivos
outras flores e astros

Outras abertas

Entre a chuva cansada de um Outono
que não sabe já
qual é a terra certa

É preciso pensar outras imagens
outras fissuras, sítios
e cidades

Pôr fim ao lamento deste vento
tentar tirar ao anjo
a túnica e o sabre

É preciso inventar outras paisagens
outros montes e águas
outras margens

Abrir o peito e expor o coração
e finalmente deixar
correr as lágrimas
Maria Teresa Horta in Destino

quinta-feira, junho 28, 2007


Não sei se há vida depois da morte,
mas sei uma coisa:
há morte depois da vida.
Woody Allen



Este é o meu próprio
caminho:
qualquer coisa entre uma laranjeira
e o silêncio das casas







Morrer de amor
ao pé da tua boca

Desfalecer
à pele
do sorriso

Sufocar
de prazer
com o teu corpo

Trocar tudo por ti
se for preciso

Maria Teresa Horta in Destino

quarta-feira, junho 27, 2007

LivrosNatura


AND NOW FOR SOMETHING REALLLLY STRONG & A LITTLE IMPETUOSO, I would say...



























Se você se supõe uma mulher livre,
imagine a hipótese de provar o seu sangue menstrual.
Se isso lhe causar nojo, é porque tem ainda
um longo caminho a percorrer
Germaine Greer

segunda-feira, junho 25, 2007

em paz...finalmente em paz...elegia ao sentir deleitando no colo do pensar ou ao revés...


Aquilo que sentem
pressentem
intuiem
crêem de profundis
é fecunda
e absolutamente
a mais pura verdade.


Por onde caminhamos
é o sentido certo.

A dor o sofrimento - único defeito
desgraça
de quase não continuar
se extinguir
infeliz desesperar e morrer.

Ser ou não ser
realidade e encontro
d'alma com a tão
batalhada - e esmifradas muitas vidas
o augúrio da
FELICIDADE
simples pacífica eterna
serenidade
...a mim

amém

sexta-feira, junho 22, 2007

Cada vez que morre um velho africano é uma biblioteca que se incendeia.
homem da Unesco

quinta-feira, junho 21, 2007

O Mun Do é IsT o . . .

Ontem construí um barco de pedra.
Não resultou.
Do meu ponto de vista, o oceano ainda não se encontra
preparado para as grandes invenções.
Um barco de pedra é uma grande invenção.
A água não a percebeu assim, paciência.

Gosto de inventar coisas.
Principalmente coisas inúteis.
Por isso mesmo umas pessoas chamam-se poeta, outras vagabundo.
Infelizmente são mais as pessoas que me chamam agabundo.
Mas tudo bem.
O mundo sempre foi assim.
Sempre houve maior número de idiotas do que outras
pessoas.
A isso chama-se multidão.

Se um tipo fica sem voz vem logo uma data de gente oferecer remédios para a garganta,
mas depois, quando começamos a falar, ninguém nos ouve.
Dão-nos remédios para a garganta e depois pedem-nos silêncio.
Não me parece bem.
Ou não nos davam os remédios,
ou deixavam-nos falar.

Enfim.

O mundo é isto.

G.M.Tavares in o homem oué tonto ou é mulher

mar absoluto

Que força admirável nos move e nos comove
de puro instinto e de redonda força
tão suave na sua descida de desejo
de que nascente veio e sem história é o mar absoluto

oh gravitação de delícias oh afluência marinha
de vogais deliciosas de lascivos sorrisos
e de melodias de uma só oferenda
oh suave maravilha de que divino vigor
oh mar sem máscaras de tantas bolhas suaves
oh mar sequiosos como um rei ébrio
oh mar tão lento e tão lentamente imperador

António Ramos Rosa

RELEMBRANDO TOMILHO E FONTES COM TUDO E MAIS ETERNIDADES INFINDAS NA SUA ALCOVA CELESTE E INCANDESCENTEMENTE INCRÍVEL

A TOMILHO E/OU FONTINHAS - UM GRANDE AMIGO K TERÁ TRANSCENDIDO EXTENSIVAMENTE EM ATLÂNTIDAS E ETERNITUDES MELÓMANAS O PLANETA TERRA


Regata
Era numa cidade meridional, era o dia da dura prova. Barcos acolhiam jovens remadoras. O timoneiro aquecia as mãos na bandeira e apresentava o homem do sinal: fumador de charutos, dobrava os polegares se pintava de amarelo cabelos em extinção. Ele disparava e as remadoras, em barcos rivais, inclinavam-se, porém sem mergulhar os remos."À tarde somos incapazes não iremos agora magoar a água, talvez uma saída até ao navio histórico da tinta sem nome de cor".Solidários, os descarregadores deixavam caixotes sobre o público. As remadoras pontapeavam frutos espalhados pelo casam
"Visões e Demonstrações",
Maria Teresa Duarte Martinho


My Dear Someone I wanna go all over the world, And start living freeI know that there's somebody who, Is waiting for meI'll build a boat, steady and true As soon as it's done, I'm gonna sail along in a dream, Of my dear someone One little star, smilin' tonightKnows where he liesStay, little star, steady and bright, To guide me afarRush, little wind, over the deep, For now I've begun Hurry and take me straight into the arms, Of my dear someone Hurry and take me into the arms, Of my dear someone
Gillian Welch-Uma canção perfeita de uma cantautora fascinante, de quem Emmylou Harris disse: 'Gillian writes with what at first seems to be childlike simplicity, but on closer listening, you realize you are in the presence of an old soul, one who knows the blue highways of the heart. Aqui uma entrevista ao "The New Yorker", com delicioso título "The Ghostly Ones". Posted by Tomilho at 12:53 1 comments Links to this post

Alguém diz com lentidão:" Lisboa, sabes..."Eu sei.É uma raparigadescalça e leve,um vento súbito e claronos cabelos,algumas rugas finasa espreitar-lhe os olhos,a solidão abertanos lábios e nos dedos,descendo degrause degrause degraus até ao rio.
Posted by Tomilho at 15:26 2 comments 14/Jul/2006

Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte e em que o sono parecia disposto a não virfui estender-me na praia sozinho ao relentoe ali longe do tempo acabei por dormirAcordei com o toque suave de um beijoe uma cara sardenta encheu-me o olhar ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era, ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar. Sou a estrela do marsó a ele obedeço, só ele me conhece só ele sabe quem sou no princípio e no fim só a ele sou fiel e é ele quem me protegequando alguém quer à forçaser dono de mim. Não sei se era maior o desejo ou o espanto, mas sei que por instantes deixei de pensar uma chama invisível incendiou-me o peito qualquer coisa impossível fez-me acreditarEm silêncio trocámos segredos e abraçosinscrevemos no espeço um novo alfabetojá passaram mil anos sobre o nosso encontro, mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar.
Posted by Tomilho at 16:34 2 comments Links to this post

O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que se lançou pela primeira vez um olhar inteligente sobre si próprio: as minhas primeiras pátrias foram os livros.
"Memórias de Adriano", Marguerite Yourcenar
Posted by Tomilho at 15:47 3 comments Links to this post 8/Mai/2006


"The Wave", William Adolphe Bouguereau [FOTO OU QUADRO - LINDO!!]
Posted by Tomilho at 16:56 6 comments Links to this post


Quando tu vens ao meu encontro sorrindo Rosa precipitada, o antigo Mar Vermelho meu coração abre-se
in "Cerejas", Ana Hatherly Posted by Tomilho at
15:32 3 comments Links to this post

Porque não me vês Meu amor adeus Tem cuidado Se a dor é um espinho Que espeta sozinho Do outro lado Meu bem desvairado Tão aflito Se a dor é um dó Que desfaz o nó E desata um grito Um mau olhado Um mal pecado E a saudade é uma espera É uma aflição Se é Primavera É um fim de Outono Um tempo morno É quase Verão Em pleno Inverno É um abandono Porque não me vês Maresia Se a dor é um ciúme Que espalha um perfume Que me agonia Vem me ver amor De mansinho Se a dor é um mar Louco a transbordar Noutro caminho Quase a espraiar Quase a afundar E a saudade é uma espera É uma aflição Se é Primavera É um fim de Outono Um tempo morno É quase Verão Em pleno Inverno É um abandono
Fausto Posted by Tomilho

quarta-feira, junho 20, 2007

A PAZ E OUTRAS IMAGENS de SONHO









































A P O C A L I PSE ANYWAY, ANYTIME...







Não sou optimista nem pessimista, sou apocalíptico

Mcluhan


O que é bom não basta,

o que é bom é horizonte!!...

SOL

terça-feira, junho 19, 2007

P R A V A R I A R COM TODA A FORÇA !!! E FÉ

(...) Uma vida sexual feliz é incompatível com a leitura de um livro de Psicanálise.
Lemos uma página de Freud e ficamos sem conseguir durante um mês.
É tiro e queda.
É uma espécie de remédio.
Anti-remédio.

Estou convencido de que esse é o segredo dos castos.
Leram os psicanalistas todos e ainda os lêem.
Quando sentem uma recaída,
pegam de imediato, não na Bíblia, mas no Freud.
Zau: castos outra vez.
Amor puro e universal.
As pombas, as flores, enfim, essas coisas.
Não é mesmo fácil ser culto e gostar de mulheres ao mesmo tempo.

Se um tipo sabe muito, sabe o suficiente para saber o que as mulheres são.
As mulheres são umas víboras.
Pior que elas não conheço.
Gosto delas quando estão caladas, mas fora disso as coisas complicam-se.
Uma mulher bonita e calada é o paraíso, mas quando começa a falar e a querer analisar tudo, tintim por tintim, então começamos a aproximarmo-nos rapidamente do inferno.
Quando a mulher começa aos gritos então chegámos mesmo lá.
É o inferno.
Por causa do tom de voz que utilizámos uma mulher é capaz de resmungar durante 3 dias.

Gonçalo. M. Tavares in o homem ou é tonto ou é mulher


segunda-feira, junho 18, 2007

As Imagens

DA ETERNIDADE
uma eternidade mesmo se a tivesse nos dedos
seria pouco para o tempo que a chuva demora
nos teus lábios: quase o tempo de
um pássaro rondar as rosas e nelas poisar

OLHOS
pergunto como é possível haver olhos
tão fundos como os teus
onde só um peixe entraria
de tanto mar neles navegar

UM BARCO
se passasse apenas um barco que farias
à tua casa? eu partiria para o mais longe do mar
onde houvesse uma estrela e
uma romãzeira

Francisco José Viegas, 1987 in As Imagens

No teu rosto

No teu rosto
competem mil madrugadas

Nos teus lábios
a raiz do sangue
procura suas pétalas

A tua beleza
é essa luta de sombras
é o sobressalto da luz
num tremor de água
é a boca da paixão
mordendo o meu sossego

Mia Couto in Raíz de Orvalho e Outros Poemas; Janeiro 1981

para Walt Whitman

Como se estivessemos diante de todas as coisas
O que dirias ? Fala agora é o infinito de uma vez
reabrir os caminhos e atravessá-los inteiros guardar o primeiro olhar

sobretudo poder guardá-lo
como um gesto pousado em mim
Reerguer-lhe as estátuas ao som de todos os discursos
e ver-lhes os olhos da distância das palavras
deitar-me junto à terra donde as aves levam o pão
e esperar a marcha da totalidade dos exércitos
Sentir calor como se não sentisse
e poder falar do frio do inverno na minha janela
Estar contigo como tuestás comigo
dizer-te o vento como o oiço
todas as partes do corpo unidas como um ao outro estamos unidos
receber das tuas mãos os sentidos como as minhas te entrego
as palavras
falar docemente um pouco
sentir totalmente tudo

Filipe Tereno in A Perfeita Ocupação do Espaço

quinta-feira, junho 14, 2007

[...] Acontece-me com frequência encontrar quem se espante ao conhecer-me: «Sentes-te mais portuguesa ou mais indiana?»; «Sentes-te mais cristã ou mais muçulmana?»
Eu sinto-me, creio, mais humana. Uma religião é uma janela sobre Deus. Um idioma é uma janela sobre a alma. Cresci, felizmente, numa casa com muitas janelas. Acho que nunca vi Deus, é verdade, mas pelo menos entrava bastante sol. Sou portuguesa por distracção, isto é, nem isso me afligenem tão pouco me arrebata. vivo em barcelona com saudades do meu bairro, a Graça, onde nasci e cresci, e com mais saudades ainda do deserto, que não me pertence nem por nascimento nem por herança cultural, e no qual, todavia, me sinto em casa. [...]

Faíza Hayat in O Evangelho Segundo a Serpente






Hoje (re)conquistei a vida
A vida! minha paixão superlativa-mais-que-incondicional;
Bem mais precioso
A vida!...
...em tom budista:
«A vida é pra viver não é para poupar...»
ou «perder a vida é perder tudo!» como
diz Omraam M. Aivanhov
S o l

Fragmentos de Alcibíades

...iluminar o mundo com a boca e ter a palavra no olhar.

Deitar-me a gritar e a correr por onde nunca ninguém sentiu e às janelas de pr em par dizer "não é uma pétala, é o jardim todo". Nestes dias ganhávamos braços de paixão.

...deixa-me uma carícia sábia...

Ouvi: «a cor do vento aberto em corpo nos teus cabelos...»

O velho rosto na planície dos dias.

Uma madrugada que chega fina e clara em tons de maresia.

Despir o tronco nu de tantas manhãs adormecidas.

Agora somos tu e eu o mesmo outro.

Só a vida contrasta com a vida...dentro dela estamos sós.

Tenho dois olhos de água e o deserto habita ao meio.

De - O Barbeiro de Vila Longe (Mia Couto ? ...)

Não é fácilsair da pobreza.
Mais difícil, porém, é a pobreza sair de nós.

Primeiro, perdemos lembrança de termos sido rio.
A seguir, esquecemos a terra que nos pertencera.
Depois da nossa memóriater perdido a geografia,
acabou perdendo a sua própria história.
Agora, não temos sequer ideia de termos perdido alguma coisa.

S A B E D O R I A

Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.
Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.
Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso
amar...
E venha a morte quando Deus quiser.
Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.
José Régio

quarta-feira, junho 13, 2007

O ameaçado

É o amor. Terei de me esconder ou de fugir. (...) Dói-me uma mulher em todo o corpo.

in Obras Completas II, de Jorge Luís Borges

sexta-feira, junho 08, 2007

25. & 26.

25.
O que é que eu quero para a vida?
Oh, essa pergunta.

Quando era novo queria ser mais velho.
Depois comecei a querer ser mais novo.
Sre pudéssemos ficar na idade em que não queremos ser mais novos nem mais velhos, seria o ideal.
Mas nem sempre me lembro se essa idade existiu, quanto mais.

O que é que eu quero para a minhna vida?
Logo de manhã a fazerem-me essa pergunta.
Se ma fizessem de noite eu sabia o que responder:
- Quero dormir!
mas, assim, a fazerem-me a pergunta logo pela manhã, fico sem palavras.

Voltem logo à noite, está bem?
Eu logo vos respondo.

Gonçalo M. Tavares

Não há melhor sítio para estar do que estar contente.

Gonçalo M. Tavares

!Que mi estrella no sea la que más resplandezca sino la más lejana!
Cláudio Rodríguez

Eu cometi o maior erro. O único ero que se pode cometer. Não fui feliz.
Jorge Luís Borge

O dia é o cristal perfeito da poesia.

Encho de luz a taça do poema e bebo-a!...

sol

...a lifetime burning in every moment...

T.S.Eliot

I would be - for no knowledge is worth a straw -

Ignorant and wanton as the dawn.

W.B.Yeats

quarta-feira, junho 06, 2007

«[...] incorporámos o inferno no quotidiano do mais fascinante e atroz dos séculos. Basta passar em revista o imaginário deste fim de século - da ficção à música, do cinema ao teatro, da biologia à tecnologia - para ter uma ideia do ponto a que chegou um mundo onde o horror se tornou invisível, consumindo como pura virtualidade, para ter uma ideia da metamorfose da cultura humana.
Pode discutir-se se a desordem em que estamos merfulhados - desde a económica até à da legalidade e da ética - releva ou não, em sentido próprio, do conceito de caos.
Do que não há dúvidas é de que o habitamos como se fosse o próprio esplendor.»
Eduardo Lourenço in O esplendor do Caos

Há tanta solidão no movimento deste mundo que a sentimos nas agulhas de um relógio.
Bukowski

sábado, junho 02, 2007

Ameop 0206

Amanhecera desanoitecentemente
Em inocências e indecentes laboriosas armonias
Pensadas inequivocament pró dia de amanhã
Que viria antes? Comeu aquele que intropescamente
Fluiu aquilo que já sabes…

E S C A V A Ç Ã O

nUMA ÂNSIA DE TER ALGUMA COUSA,
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar,
E a minh'alma perdida não repousa.

Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à força de sonhar...

Mas a vitória fulva esvai-se logo...
E cinzas, cinzas só, em vez de fogo...
-Onde existo que não existo em mim?


............................................................
............................................................

Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d'amor sem bopcas esmagadas -
Tudo outro espasmo que princípio ou fim...

Paris 1913 - Maio 3
Mário de Sá-Carneiro in Poemas

Partícula da Comporta dos infusionismos vivenciais e do sentir - embarca em Falsa Novela de Serna...








Sentia que olhando para o interior desperdiçava
menos a sua vida e não enchia de olhos azuis nenhum mar.
Ramón Gómez de la Serna in 6 falsas novelas

VII

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho/ da minha altura/ ...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o ceu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram tudo e também não podemos olhar
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

Alberto Caeiro in Poemas Completos de A.Caeiro

sexta-feira, junho 01, 2007

O Penúltimo Poema (A Ricardo reis)

Também sei fazer conjecturas.
Há em cada coisa aquilo que ela é que a anima.
Na planta está por fora e é uma ninfa pequena.
No animal é um ser interior longínquo.
No homem é a alma que vive com ele e é já ele.
Nos deuses tem o mesmo tamanho
E o mesmo espaço que o corpo
E é a mesma coisa que o corpo.
Por isso se diz que os deuses nunca morrem.
Por isso os deuses não tÊm corpo e alma
Mas só corpo e são perfeitos.
o corpo é que lhes é alma
E têm a consciência na própria carne divina.
de Alberto Caeiro

29. Campos sobre Caeiro

O que o mestre Caeiro me ensinou foi a clareza; equilíbrio, organismo no delírio e no desvairamento, e também me ensinou a não procurar ter filosofia nenhuma, mas com alma.
in Poemas Completos de Alberto caeiro